Como trabalhar o diálogo e as capacidades socioemocionais com os filhos?
Colégio PGD 13 de novembro de 2019
As crianças que hoje entram no fundamental 1 terão 21 anos em 2035. Um futuro não muito distante, mas que gera incertezas para pais e educadores. De acordo com um estudo do Fórum Econômico Mundial, publicado em 2016, mais de 50% dos jovens que estão hoje na escola trabalharão em uma profissão que ainda não existe. Diante deste cenário, ficam as perguntas de como preparar o jovem para desafios imprevisíveis.
Parte destas respostas está no desenvolvimento de habilidades socioemocionais. De acordo com a teoria do modelo de personalidade dos Big Five, formulada nos anos 30 por Gordon Allport, empatia, autocuidado e colaboração são valores fundamentais que auxiliam a formação integral.
Segundo Denise Américo, orientadora educacional do Colégio PGD e doutoranda em educação (UEM), o saber meramente cognitivo não é suficiente. “O conhecimento por si só não se sustenta se o indivíduo não está bem, se não está feliz, não sabe se relacionar, se as decisões tomadas não levam em conta as consequências”, explica.
Diálogo e temas polêmicos
Para Denise, a chave do desenvolvimento socioemocional está na abertura ao diálogo, tanto em casa, quanto na escola.
“Na escola esse conhecimento não vem em forma de disciplina, mas sim com um cuidado maior nas relações. Os jovens já estão falando sobre ansiedade, suicídio e outros temas polêmicos entre eles. O que falta é os adultos participarem e os orientarem”.
Durante o mês de setembro, a escola promoveu uma série de diálogos sobre emoções. “Foi uma forma de tratar de temas sérios e polêmicos, sem necessariamente abordá-los diretamente. O que fizemos foi provocar uma reflexão, dando espaço para falar de sentimentos, e mostrando que se pode resolver e passar por tudo isso”.
Em casa, a orientadora recomenda que os pais também façam essa aproximação dos filhos. “Não tente se aproximar do adolescente com discurso ou imposições de ideias. A aceitação só acontece quando existe um vínculo afetivo, e isso é construção”.
A importância do exemplo
Na prática, isso é um processo que se constrói com mais momentos de presença total entre pais e filhos, verbalização de elogios genuínos e convivência diária, explica Denise. “Os pais podem e devem compartilhar suas vitórias, mas também suas derrotas, porque isso faz parte da vida. Hoje, muitos pais entram num discurso de poupar o sofrimento e frustrações dos filhos, e isso não é bom, pois a vida em si proporciona essas situações e elas fazem parte do nosso crescimento”.
Falar abertamente sobre seus próprios sentimentos, ações e consequências é outra maneira de criar conexão. “É de extrema importância abrirmos essas janelas. Os pequenos estão olhando para nós e a gente precisa deixar um exemplo para eles”, finaliza.