O isolamento sob o olhar dos alunos do PGD

Sem categoria 29 de julho de 2020

A adolescência é uma fase em que, essencialmente, nós jovens temos de lidar com uma série de frustrações, seja por causa de relacionamentos sociais, seja pela pressão com relação aos estudos e à incerteza sobre o futuro profissional. Não bastasse ser adolescente (acredite, não é fácil como parece), esta nova situação de isolamento apenas trouxe mais receios e dificuldades, uma vez que, em face de uma falta de opção, nem todos os alunos se identificaram com o novo método de estudo, ao mesmo tempo em que são impedidos de interagirem socialmente e descarregarem a energia negativa com atividades fora de casa.

Arte da aluna Gabriella Lombardi Maranha da Costa

Diante desse cenário nunca antes testemunhado pela geração dos atuais estudantes, nós, seis alunas da 2ª série do Ensino Médio, entrevistamos alguns colegas da escola, como parte do projeto da Oficina de Redação, para compreendermos e transmitirmos a vocês como estamos lidando com os sentimentos e estudos no período da quarentena social instalada por conta do Covid-19. A pesquisa consiste em saber quais são os pontos negativos e positivos do isolamento, segundo a perspectiva dos estudantes, bem como suas opiniões a respeito do ERE (Ensino Remoto Emergencial).   

LADO A, DE ANGUSTIANTE

Os lados negativos foram os que se destacaram, porque realmente ninguém está gostando de passar por tudo isso. Os pontos mais citados foram: aumento da falta de atenção; dificuldade de acordar cedo, ou seja, no horário certo; ansiedade; má alimentação; sedentarismo; matérias acumuladas e principalmente o fato de não conseguir sair e encontrar os amigos.

Com relação aos estudos, a maioria dos alunos sentiu dificuldade de se adaptar ao novo modelo, especialmente no seu início. As distrações do meio familiar e as tecnologias têm afetado a realização das atividades, já que se encontram em um ambiente mais confortável e têm tempo livre. Esse fator vem os decepcionando a respeito de seu rendimento escolar.

Ainda há uma minoria que priorizou o lazer, deixando os estudos de lado. Além disso, o confinamento abalou os sentimentos de parte dos entrevistados, visto que esse é um período novo para todos. Muitos relataram que, certas vezes, sentiam-se ansiosos, tristes e sobrecarregados por causa das notícias e da rotina no isolamento.

Arte da aluna Nicolly Paul de Sêna

Junto a isso, também se destacaram o distanciamento social e a saudade de amigos e familiares, o confinamento em si, as constantes mortes e o desemprego, a preocupação com a economia, a falta de foco nos estudos e as dúvidas a respeito do mundo pós-pandêmico.

Uma parte dos entrevistados comentou que viu suas notas caírem, uma vez que não se identificaram com o EAD e sentem falta das aulas presenciais, nas quais se sentiam mais à vontade para tirar suas dúvidas e, principalmente, interagir com os colegas.   

LADO B, DE BENIGNO

A respeito dos pontos positivos da quarentena, grande parte dos estudantes alegou ter agora, nesse formato, maior versatilidade nos horários, um convívio familiar mais próximo, inclusive alguns dizem utilizar seu tempo livre para descobrir novos “hobbies” e experiências. Ainda pontuaram que estão dando mais valor às pequenas coisas e a pessoas importantes.  

Segundo os entrevistados, ao estudar em casa, sentem que podem se dedicar mais às matérias favoritas e organizar seu tempo de modo que sejam mais produtivos.

Alguns conseguiram mudar maus hábitos, melhoraram sua organização e até tiraram um tempo para si e para suas reflexões.

A MAÇÃ DE NEWTON

É certo que o período de reclusão social intensificou nossa instabilidade emocional. Dessa forma, é imprescindível que busquemos maneiras para preservar nossa saúde mental, a fim de lidarmos de modo mais leve com essa nova fase de inseguranças. Assim, buscar autoconhecimento, realizar atividades de que gostamos, ter momentos de lazer, praticar exercícios físicos e evitar o bombardeio de notícias são exemplos de comportamentos que minimizam a ansiedade e o estresse e podemos seguir.

Já aprendemos que o passado tem muito a nos ensinar. Por isso, tomamos a história de Isaac Newton como um incentivo, visto que, em 1665, quando a grande praga aconteceu em Londres e a Universidade de Cambridge, onde estudava, foi fechada, o pai da Física Moderna foi forçado a ficar em casa. Durante esse período, em seu jardim, ao olhar uma maçã caindo de uma árvore, ficou inspirado, de modo que isso lhe proporcionou a elaboração da Lei da Gravidade.

Arte da aluna Nicolly Paul de Sêna

Realmente, ninguém gostaria de que fosse assim. Porém, seguimos, despretensiosos, como Newton, na esperança de que, mesmo em meio à instabilidade, sairemos fortes, e que, com sorte, ainda nos depararemos com nossa própria maçã.

ALUNAS:

Ana Alice Dias Locatelli

Ana Clara Sacchetto

Gabriella Lombardi Maranha da Costa

Katharina Letícia Fritz

Laura Morimoto Tominaga

Mariana Azin Sampaio

Nicolly Paul de Sêna

PROFESSORA RESPONSÁVEL:

Laura Mitsuko Tanaka