“7 Prisioneiros” retrata a desigualdade em cores reais

Ensino Médio Fundamental Anos Finais PGD Cultural 14 de março de 2022

Atenção: Por se tratar de um tema mais sensível, o filme “7 Prisioneiros” é indicado para pais e alunos do Fundamental Anos finais e Ensino Médio.

De cara é bom alertar: “7 Prisioneiros” é um filme desconfortável, mas desde quando o tema desigualdade é algo fácil de assimilar?  Além de ser um excelente filme, apostamos nessa indicação para o nosso PGD Cultural porque ele foi pauta do último Lauraflix, projeto da professora de redação Laura Tanaka.

“Selecionei esse filme justamente por abordar de uma maneira diferenciada o tráfico de pessoas e o trabalho análogo à escravidão no Brasil. É um filme que, mesmo trazendo uma temática pesada para se trabalhar com alunos menores de idade, não contém cenas de violência explícita, e também por ser um tema atual”, explica a professora.

Vale ressaltar que no dia 28 janeiro, Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, o Ministério Público do Trabalho divulgou que já resgatou mais de 1.600 pessoas em situação análoga à escravidão. “Como o filme foi lançado recentemente e como havia esse contexto com dados relevantes sobre a desigualdade do nosso país, trouxe o debate junto aos alunos.”

A trama

O filme é dirigido por Alexandre Moratto, e traz a jornada de Mateus (Christian Malheiros), rapaz pobre que sai do interior de São Paulo com outros amigos, atrás da promessa de um bom emprego e de uma vida melhor para a mãe e irmãs. Na capital, eles passam a trabalhar em um ferro-velho administrado por Luca (Rodrigo Santoro), e se envolvem em uma situação de escravidão contemporânea, presos e sem dinheiro.

Com excelentes atuações dos protagonistas, o filme recebeu prêmios no Festival de Veneza como Melhor Filme Estrangeiro e Menção Honrosa. O lado glamuroso dessa produção é justamente dos produtores, ambos indicados ao Oscar: Fernando Meirelles (Cidade de Deus) e Ramin Bahrani (O Tigre Branco).

Bate-papo com os alunos

A professora de redação Laura Tanaka conta que no encontro com os alunos, ela abordou o que é o tráfico de pessoas e quem são as principais vítimas. “Isso é muito demarcado no Brasil: o mesmo perfil socioeconômico, de regiões específicas, a baixa escolaridade, a pouca idade, a pobreza… pessoas mais suscetíveis ao abuso e a serem enganadas com falsas promessas de aliciadores.”

A questão dos imigrantes também entrou no debate com os alunos. “Também comentamos sobre meninas que viajam sozinhas, e que devem tomar muito cuidado. Mostrei o relato de uma brasileira que quase foi sequestrada, como uma forma de alerta. São realidades muito distantes dos alunos, mas que eles devem refletir sobre, para combater esse tipo de crime por meio de campanhas, saberem quais são as empresas denunciadas pelo trabalho escravo. É uma realidade distante, mas que infelizmente está presente no Brasil.”

A professora também abordou outros tópicos, de como o filme se desenrola trazendo uma outra perspectiva do protagonista, que cresce nesse processo de opressão e o quanto a educação é essencial para criar pensamentos e opiniões. “Educação é um instrumento libertador para as pessoas, na medida em que elas têm conhecimento sobre propagandas enganosas, e discernimento para não serem ludibriadas em trabalhos suspeitos, elas não se tornarão vítimas.”

Lauraflix

O Projeto Lauraflix começou em 2020 nos Plantões de Redação e acontece no último encontro do mês com a proposta de valorização do Cinema Nacional. A professora sempre escolhe filmes premiados e reconhecidos pela crítica. “As produções sempre trazem dados de realidade do país, onde os alunos podem obter novos repertórios e para trazer mais concretude a temas como justiça, igualdade, racismo, pobreza… São produções que trazem novas perspectivas sobre outras cidades, estados, regiões, além do jeito de ser, agir e pensar.”