Vestibular UEL 2023: livros, dicas e outros

Colégio PGD Ensino Médio 29 de junho de 2022

E aí, como está o ritmo de estudo para o vestibular? Deve ter aluno sem dormir, e aluno bem despreocupado, certo? Calma, respira. Quem ainda não organizou a rotina de estudos, ainda está em tempo. O vestibular da UEL será realizado no ano que vem em duas etapas: dia 5 de março (1ª fase) e dias 2, 3 e 4 de abril (2ª fase). Anote aí: as inscrições estão agendadas para o período de 25 de agosto a 10 de outubro. 

Agora, uma coisa que os alunos não podem esquecer é da leitura das obras que caem no vestibular. Você já sabe quais são elas? “São 08 obras de literatura brasileira, 01 obra portuguesa e 01 moçambicana. A UEL tem privilegiado a literatura contemporânea embora a lista contemple livros mais antigos”, conta Amanda Machado Sorgi, professora de Literatura do Ensino Médio. 

Os plantões de Literatura do Colégio PGD têm sido grandes aliados para tirar dúvidas e como um reforço nas matérias. “Temos um plantão específico para os alunos do 3º ano do Ensino Médio, voltado para as obras que caem no vestibular. A ideia dos plantões não é somente trabalhar o enredo das obras, mas também explorar as características literárias, a época, os autores, para que o aluno se sinta confortável na hora de responder as questões. Também fazemos uma análise das obras, lemos trechos do livro e respondemos questões de provas que já abordaram o tema.”

Dica de milhões

Se os plantões são imperdíveis para está estudando, a professora vai além, e orienta que o ideal é ler integralmente as obras. “Como o vestibular está marcado para 2023, dá tempo de ler todos os livros. Tente ler um por mês. É preciso entender que a leitura dos livros deve fazer parte dos estudos do aluno porque a prova de Literatura foca bastante a lista obrigatória”, reforça. 

A professora Amanda comenta sobre alguns títulos da lista deste ano: “A grande aposta para o próximo vestibular é “Torto Arado”, obra de 2019 de Itamar Vieira Junior, e que tem aparecido como leitura obrigatória. Um título que marca pelo regionalismo, bastante premiada e provavelmente uma boa aposta para o próximo vestibular. A UEL sempre inclui um autor paranaense e o representante é Miguel Sanchez Neto. Enfim, a lista é bem eclética, contemplando diversos gêneros literários.”

Confira a lista de obras do Vestibular 2023

Contos novos – Mário de Andrade (domínio público)

É uma coletânea com nove contos. O livro, publicado após a morte do autor, em 1947, é considerado uma obra de maturidade do autor. Contos de estrutura moderna, que acolhem as principais correntes ficcionistas que marcaram a Literatura Brasileira das décadas de 30 e 40. Os relatos procuram registrar o fluxo de pensamento das personagens. Os contos destacam São Paulo, capital e interior, nas décadas de 20 a 40; o processo de urbanização e industrialização (cidade); e o duelo patriarcalismo X progressismo (ambiente rural).

Quarto de despejo – Carolina Maria de Jesus (Ática)

O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem a este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com três filhos.

Histórias que os jornais não contam – Moacyr Scliar (L&PM)

Neste livro, Moacyr Scliar reúne histórias escritas a partir de fatos cotidianos retratados em notícias de jornal. A imaginação do autor entra nos bastidores não revelados das reportagens. Moacyr Scliar manteve uma coluna por quase duas décadas no próprio jornal, onde exercitou o ofício de escritor: seus relatos começavam onde a notícia terminava. Ao desafiar a fronteira entre realidade e ficção, encontrou histórias esperando para serem contadas. Esta seleção reúne 54 crônicas, fruto da combinação do inusitado da vida com o encantamento da literatura.

O rei da vela – Oswald de Andrade (Companhia das Letras)

Escrita em 1933, publicada em 1937 e encenada pela primeira vez em 1967, a peça de Oswald de Andrade retrata um país mergulhado na crise financeira depois do crash de 1929 da Bolsa de Nova York. Oswald apresenta uma peça de teatro profundamente anarquista, que explora a força soberana do imperialismo americano em toda sua dimensão caricata e grotesca. No centro do palco está o escritório de agiotagem Abelardo & Abelardo, em um enredo que tem como pano de fundo a ambição tacanha e desenfreada de um país subdesenvolvido, as falcatruas, a decadência, o desprezo pela moralidade e o sexo estapafúrdio.

O seminarista – Bernardo Guimarães (domínio público)

Eugênio, filho de fazendeiro, tem uma forte amizade com Margarida, a filha de um dos empregados. Dessa proximidade nasce um novo sentimento, mas a união desses dois jovens não é bem vista. Assim, os pais do rapaz enviam-no para o seminário, contando-lhe que a moça se casou – quando, na verdade, ela fora expulsa da fazenda. Tamanha decepção faz com que Eugênio se dedique de coração à vida eclesiástica. Até o dia em que ele descobre a verdade. O Seminarista (1872) é um dos mais críticos romances de Bernardo Guimarães. 

Niketche – Paulina Chiziane (Companhia das Letras)

O livro conta a história de Tony, um alto funcionário da polícia, e sua mulher Rami, casados há vinte anos. Certo dia, Rami descobre que o marido é polígamo: tem outras quatro mulheres e vários filhos. Numa decisão surpreendente, Rami decide ir atrás das mulheres do marido. Niketche é uma das danças do norte de Moçambique, extremo oposto de onde mora Rami. Ritual de amor e erotismo, a dança é desempenhada pelas meninas durante cerimônias de iniciação.

Torto arado – ltamar Vieira Junior (Todavia)

Um texto épico e lírico, realista e mágico, que revela, para além de sua trama, um poderoso elemento de insubordinação social. Vencedor do prêmio Leya 2018. Nas profundezas do sertão baiano, as irmãs Bibiana e Belonísia encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó. Ocorre então um acidente. E para sempre suas vidas estarão ligadas — a ponto de uma precisar ser a voz da outra. Numa trama conduzida com maestria e com uma prosa melodiosa, o romance conta uma história de vida e morte, de combate e redenção. 

Melhores poemas – Fernando Pessoa (Global)

Um dos poetas mais importantes do século XX e dos mais singulares de todos os tempos, Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, em 1888, e foi educado em Durban (África do Sul), para onde a sua mãe se mudara, após o segundo casamento. Desde os 13 anos já escrevia poemas. Sua obra está traduzida em quase todas as línguas. Feliz o leitor de língua portuguesa que pode ler no original os poemas escritos com seu nome ou os diversos heterônimos que usou: uma experiência que já marcou a vida de muita gente.

Chove sobre minha infância – Miguel Sanches Neto (Record)

Chove sobre minha infância nasceu das vivências reais do paranaense Miguel Sanches Neto, mas não é uma autobiografia. Em uma linguagem simbólica, tem momentos de crônica, poesia e conto, formando um singular romance em blocos que, além de cativar pelo lirismo, é um vigoroso retrato de um período pouquíssimo explorado de nossa História recente. O autor conta a sua história, passando do órfão que não compreende bem o seu mundo a um adulto que domina seus símbolos e suas dolorosas verdades.

Cartas chilenas – Tomás Antônio Gonzaga (domínio público)

O livro Cartas Chilenas, de autoria do inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, são poemas satíricos em versos decassílabos brancos (sem rimas), que circularam em Vila Rica em manuscritos, poucos anos antes da Inconfidência Mineira, em 1789. Durante muito tempo sua autoria foi objeto de dúvida. O poema é uma sátira aos desmandos de Fanfarrão Minésio, identificado como o governador Luís da Cunha Meneses, corrupto e cruel, que era desafeto político de Gonzaga. A narrativa é direta e simples, numa caricatura do governo de Minas Gerais, no fim do século XVIII, com passagens de crítica social.